Saúde comunitária deficiente em contextos rurais: contribuições fenomenológicas dos motivos schützianos para o raciocínio clínico em enfermagem

Abstract

Objetivo: refletir sobre o diagnóstico de enfermagem Saúde Comunitária Deficiente em meio rural à luz da filosofia dos motivos para e motivos porque. Método: análise reflexiva, fundamentada no aporte filosófico da fenomenologia social de Alfred Schütz, com ênfase nos motivos para e porque, que compreendem a ação como produto da experiência subjetiva e intersubjetiva dos sujeitos. A partir da situação biográfica e dos referenciais culturais da população rural, buscou-se compreender como práticas, crenças e padrões de comportamento influenciam na adesão aos cuidados em saúde e na configuração do diagnóstico de enfermagem em questão. Resultados: Os motivos porque revelam a historicidade e as experiências prévias que moldam atitudes e decisões, enquanto os motivos para apontam para intenções futuras e expectativas. O fio que guiou a reflexão conduziu ao pensamento de que, na vivência cotidiana das famílias rurais, há forte valorização da saúde como condição funcional, resultando em busca tardia por cuidados e baixo investimento em ações preventivas. Além disso, práticas culturais enraizadas, muitas vezes divergentes do saber biomédico, demandam do enfermeiro competência cultural e estratégias de cuidado baseadas no diálogo, escuta e acolhimento. A análise dos motivos Schützianos mostra-se como um recurso potente para qualificar o Processo de Enfermagem e construir intervenções sensíveis ao contexto vivido. Considerações finais: a fenomenologia social oferece subsídios importantes para ampliar a compreensão dos determinantes subjetivos do cuidado em saúde, contribuindo para práticas mais humanizadas e contextualizadas no cenário rural, fomentando ainda o raciocínio clínico e crítico do enfermeiro.

Objective: To reflect on the nursing diagnosis Ineffective Community Coping in rural settings, based on the philosophical framework of the reasons for and reasons why. Method: A reflective analysis grounded in Alfred Schütz’s social phenomenology, with emphasis on the constructs of reasons for and reasons why, which understand action as the result of subjective and intersubjective experience. Based on the biographical situation and cultural references of rural populations, the study aimed to understand how practices, beliefs, and behavioral patterns influence health care adherence and the configuration of the nursing diagnosis under analysis. Results: The reasons why reveal the historicity and prior experiences that shape attitudes and decisions, while the reasons for point toward future intentions and expectations. In the daily lives of rural families, health is highly valued as a functional condition, resulting in delayed care-seeking and limited investment in preventive actions. Furthermore, deep-rooted cultural practices, often diverging from biomedical knowledge, demand cultural competence from nurses and care strategies based on dialogue, active listening, and receptiveness. The analysis of schützian motives proves to be a powerful tool to enhance the Nursing Process and to build context-sensitive interventions. Final Considerations: Social phenomenology provides important subsidies to expand the understanding of subjective determinants of health care, contributing to more humanized and contextualized practices in rural settings, while also fostering thenurse’s clinical and critical reasoning.

Objetivo: Reflexionar sobre el diagnóstico de enfermería Afrontamiento Comunitario Ineficaz en contextos rurales, a la luz de la filosofía de los motivos para y los motivos porqué. Método: Análisis reflexivo, fundamentado en el marco filosófico de la fenomenología social de Alfred Schütz, con énfasis en los conceptos de motivos para y motivos porqué, que comprenden la acción como producto de la experiencia subjetiva e intersubjetiva de los sujetos. A partir de las familias rurales, la salud es altamente valorada como una condición funcional, lo que resulta en una búsqueda tardía de atención y escasa inversión en acciones preventivas. Además, las prácticas culturales arraigadas, a menudo divergentes del saber biomédico, exigen del profesional de enfermería competencia cultural y estrategias de cuidado basadas en el diálogo, la escucha activa y la acogida. El análisis de los motivos schützianos se evidencia como un recurso potente para cualificar el Proceso de Enfermería y construir intervenciones sensibles al contexto vivido. Consideraciones finales: La fenomenología social ofrece subsidios importantes para ampliarla comprensión de los determinantes subjetivos del cuidado en salud, contribuyendo a prácticas más humanizadas y contextualizadas en el escenario rural, fomentando asimismo el razonamiento clínico y crítico del enfermero.